segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Eu e a Dor

Deparei com a dor pela primeira vez há muito tempo atrás. Eu era só uma menina num ponto de ônibus. Era uma noite chuvosa de domingo, daquelas que qualquer um que topasse com ela não ia se importar de ser seduzido. De plano de fundo para nosso encontro, um bar simples, num bairro pobre que tocava uma música brega no alto falante. Ela se apresenta pra mim materializada num corpo de uma mulher solitária, que eu observava sem saber que, há tempos, ela me observava também, esperando o momento certo de se apresentar. Lá estava ela, sentada, nesse local, chorava copiosamente ao som daqueles versos sonorizados e, a cada novo acorde, um novo soluço ainda mais forte. E eu cada vez mais hipnotizada, louca para soltar a mão da minha mãe e correr aos braços daquela estranha e sedutora mulher. Queria sentir o que ela sentia, parecia que era esse choro que a mantinha viva. Depois desse dia, vez em quando a chamo em busca de reviver tudo aquilo, em busca de me sentir viva. @Thamires Travascio

Nenhum comentário: